Venho de uma família de mulheres fortes. Minha bisavó materna perdeu toda a sua família no holocausto e cuidou sozinha de suas duas filhas pequenas. Minha avó, por sua vez, vem de uma geração em que as mulheres, em sua maioria, cuidavam da casa. Mas, com a sua intuição e visão, guiou o meu avô nos bastidores para que ele tivesse sucesso profissional. Minha mãe, que trabalha incansavelmente desde que eu nasci, abriu mão dela mesma e de seus sonhos para dar o melhor para seus três filhos. Cada uma, da sua maneira, manteve sua família segura e estruturada.
Essas mulheres sempre me ensinaram que eu poderia ser quem eu quisesse. Sem dúvida, a educação que tive me deu coragem para ter a minha trajetória profissional, sendo hoje uma das três sócias – todas mulheres - da Colabore com o Futuro, primeira empresa de advocacy e mobilização social da América Latina.
Minhas duas sócias têm histórias de superação que também permitiram que elas chegassem onde estão hoje, liderando uma empresa inovadora, com propósito bem definido e que ajuda milhões de pessoas em todo o Brasil a terem acesso igualitário e adequado à Saúde.
Mas, infelizmente, essas histórias de mulheres empoderadas e que acreditam em si mesmas não são regra no Brasil. Em nosso país, apenas 13,9% dos cargos de diretoria são ocupados por mulheres, segundo o Ministério da Economia. Além disso, somente 15% dos parlamentares no Congresso Nacional são mulheres.
Segundo o IBGE, as mulheres dedicam mais tempo aos estudos em comparação aos homens. Mesmo assim, a remuneração média recebida pelas brasileiras é inferior à ofertada aos pares masculinos.
Ainda existe uma série de preconceitos e vieses inconscientes que prejudicam as mulheres no mercado de trabalho. É comum pensarmos que mulheres que são mães se dedicarão menos à empresa ou serão profissionais piores, enquanto homens que são pais são vistos como estáveis e responsáveis.
Como consertar isso? Como garantir que as mulheres, de fato, tenham as mesmas oportunidades e direitos dos homens no mercado?
Claro que flexibilização de horários, criação de creches nas empresas e de licença maternidade maior para os pais são ações importantes para ajudar as mulheres a se manterem fortes no mercado de trabalho. Mas educar e trazer algumas mensagens de valor para a sociedade será fundamental para mudarmos o viés inconsciente de gênero que ainda existe.
Precisamos ensinar para as nossas meninas a expressarem suas emoções, sentimentos e opiniões, incentivá-las sonhar com o que quiserem, e dar as ferramentas necessárias para que elas tenham autoestima para buscar esse sonho. Eu, com certeza, farei isso com a minha filha, que nasceu no ano passado e tem uma vida de oportunidades pela frente.
Essa mudança de consciência é um trabalho conjunto que deve ser feito pelas famílias, escolas, governo e população como um todo. E como começar? Olhe para os seus preconceitos e vieses inconscientes e tome consciência deles. Já será um passo importantíssimo para a mudança.
Por Carolina Cohen - Cofundadora da Colabore com o Futuro
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